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Se acreditar que pode ou que não pode, você está certo

  • 13 de nov. de 2019
  • 3 min de leitura

Ao deixar definitivamente a casa dos pais no início da adolescência, ela levava os bolsos vazios e não tinha a mínima ideia do que estava por vir. Sentia-se adulta o suficiente para cuidar de si mesma e construir a vida que sonhava. Passados vinte anos, porém, percebeu que não tinha noção do que estava fazendo ou do que gostaria de fazer. Sua vida estava seguindo completamente sem sentido de orientação, propósito, sabor ou cor. Foi quando ela decidiu que era hora de buscar ajuda e iniciou a terapia – naquele momento, começou a ter ideia do desafio à sua frente. Durante os primeiros três meses frequentando o consultório, por diversas vezes saiu chorando e com vontade de desistir do processo. Era doloroso olhar para dentro de si mesma, reconhecer e mudar antigos padrões de comportamentos; e ela odiava ouvir as críticas da psicóloga, que lembrava a mãe, para quem nada estava bom e de quem estava livre há anos. Certo dia, depois de uma dessas sessões, saiu enfurecida. Estava revoltada com tudo e, principalmente, consigo mesma. O diálogo interno era pesado e perigoso:


- Eu não aguento mais viver comigo mesma. Quero me jogar na lata do lixo. Eu não gosto de mim! Não me aceito, não me amo! Eu não me quero mais!!! 


Este foi um dos momentos para o qual precisou de muita força de vontade e coragem para não desistir de si mesma e tomar a decisão de que era hora de mudar o rumo. Algo estava muito "off" e ela precisava corrigir a rota ou estaria perdida para sempre. Depois de liberar toda a frustração acumulada, consegue raciocinar com clareza e tomar uma decisão consciente pela primeira vez na vida:


- Okay, não vou desistir de mim mesma agora. Eu vou conseguir! Vou aprender novos comportamentos.


Ela sabe que o fato de ter tomado essa decisão de se ajudar, especialmente naquele momento de furia, a conectou com a energia que precisava para começar a construir um novo caminho para si mesma. Naquele instante as coisas começaram a mudar, e muitas delas para melhor. A terapeuta, a quem sente-se grata, incentivou a auto aceitação e o autoconhecimento. É como se a mulher tivesse colocado um espelho em sua frente, ajudando-lhe a ver que é uma pessoa como todas as outras, com defeitos, que lhe eram fáceis de perceber, e qualidades, que não conseguia enxergar.


Aos poucos, as camadas de negativismo e baixa estima, surgidas na infância, fortalecidas na adolescência e cultivada durante a vida adulta, vão enfraquecendo e criam espaço para nascer uma nova versão da moça que esperava ansiosa para se reinventar. As sessões se tornam momentos esperados e em cada uma delas, levava algo novo que queria discutir e aprender sobre o seu desenvolvimento. Foram dois anos e meio de muito aprendizado, descobertas e construção de uma nova vida. A vida que ela estava começando a escrever para si mesma e que hoje ama e sente gratidão por viver.


Foi através de um exercício na terapia que aprendeu que pode realizar tudo aquilo que deseja. A terapeuta lhe pediu para listar cinco de seus maiores sonhos e apontar aquele que gostaria de realizar primeiro. Ela escolheu a pós-graduação em uma das melhores escolas de marketing de São Paulo, e uma das mais caras do Brasil; algo que naquele momento acreditava ser impossível. Sua crença na escassez estava baseada na criança interior, a menininha de família pobre, sem estudo e insegura de si mesma, educada para ser inferior. A segunda parte do exercício foi procurar formas para realizar o sonho e juntas as duas encontraram pelo menos três opções. Em menos de seis meses estava matriculada na escola e pagando o curso do próprio bolso, provando para si mesma que as limitações estão naquilo que acredita.


Mais consciente daquilo que escolhe acreditar, uma nova energia começa a crescer dentro dela e um ano e meio mais tarde, caminha na direção de um segundo sonho, algo que alimentou por mais de dez anos. Ela vai morar em outro país. A ideia ascende-lhe um sorriso, iluminando os olhos grandes da menina que saiu de casa sem nenhum centavo no bolso, nunca recebeu suporte emocional ou financeiro familiar e que agora escreve estas palavras de dentro de uma biblioteca pública nos Estados Unidos, onde mora há quase cinco anos.


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