Você sabe qual é o óbvio que ignoramos?
- 16 de set. de 2020
- 5 min de leitura
Minha leitura das últimas semanas foi “O Óbvio que Ignoramos”, escrito pelo jornalista, pesquisador e escritor brasileiro, Jacob Petry. Este é um dos seis livros que o autor publicou sobre temas abrangendo psicologia da cognição, inteligência emocional e desenvolvimento pessoal.
O gaúcho, que venho acompanhando pelo Instagram (@jacobpetry) desde o começo da quarentena, é autor da Teoria da Mentalidade, que afirma que a nossa forma de ver a vida é mais importante para o resultado de nossa biografia do que fatores como inteligência, talento e criatividade. Eu não poderia concordar mais com esta teoria. Faço uso dela na mudança pessoal que venho realizando na última década.
Em “O Óbvio que Ignoramos”, o autor diz que nossa condição psicológica manipula nossos comportamentos e desempenhos. “Todos lidamos com os mesmos problemas, a diferença está na maneira como reagimos a esses problemas.” Segundo ele, uma parcela insignificante de nossas escolhas é responsável pela grande maioria de nossos resultados. Ou seja, 80% dos resultados que obtemos estão relacionados com 20% de nossas escolhas.
Ele prossegue dizendo que perceber que nossas ações, emoções e comportamentos são resultado de nossas imagens mentais e das convicções que trazemos como legado cultural, abre uma porta poderosa. Transformar a imagem que temos de nós mesmos, decodificar e abrir nosso sistema de crenças para reprogramá-lo de acordo com nosso propósito, cria uma oportunidade real e rápida para mudanças.
Se nossas convicções não estiverem alinhadas com nosso propósito, mesmo tendo potencial, conhecimento e qualificação, as convicções que carregamos vão impedir o alcance do sucesso.
“Enquanto não observarmos as lentes com as quais vemos o mundo, corremos o risco de nos iludir com uma falsa verdade. Não sentimos e agimos de acordo com o que as coisas são, mas de acordo com a imagem que nossa mente retém delas.”
Mas o que são e como formamos as convicções?
Desde o post sobre o livro “Os Quatro Compromissos”, do autor mexicano Don Miguel Ruiz, que falamos sobre elas. Essas certezas, ou crenças, que surgem a partir das objetificações que fazemos de coisas e circunstancias que vivemos. O problema, segundo Jacob Petry, surge quando aceitamos essas objetificações como verdades, sem questionar, pois, são as experiencias, ideias ou convicções, programadas, que disparam as reações instintivas. “Se você conseguir mudar o que pensa, acredita e imagina, pode mudar sua reação.”
O segredo para ele está em não abrir espaço para enigmas mentais, não dando oportunidade para a formação da complexa confusão que se forma na cabeça quando deixamos os pensamentos correrem soltos. “Toda angustia, medo, ansiedade, estresse e preocupação, é resultado de nossa resistência ao erro. A preocupação com o resultado nos distrai durante a ação.”
Jamais esqueço o dia que ouvi a frase “life is empty and meaningless” (a vida é vazia e sem sentido), saindo da boca do coach durante minha participação no Landmark Forum, aqui na California, em 2016. Ao mesmo tempo que essas palavras entravam pelos meus ouvidos, mentalmente, formava minha resposta: minha vida tem o sentido que dou a ela. Esta é a forma como vejo tudo na minha jornada.
“A forma como pensamos sobre determinada situação é o sentido que atribuímos a essa situação. Nossa habilidade para manter o foco adequado, de acordo com nosso propósito, é o sentido por detrás do propósito e tem o poder de mudar nossa vida. O sucesso e a felicidade que alcançamos é resultado direto de onde mantemos nosso foco.”
Então, o que diferencia uma pessoa bem sucedida daquela que fracassa?
Para Jacob, o que caracteriza as pessoas que alcançam seus objetivos e metas é a maneira como lidam com fatos e circunstâncias. Veja que o significado que damos para os fatos tem papel fundamental nos resultados que obtemos.
Cada dia é uma etapa, nos diz o autor. E você pode fracassar ou ser bem sucedido. É na contagem dos dias que surge o contraste. “São os dias bem sucedidos que o levarão até seu propósito. Se fracassar na maioria deles, nunca será bem sucedido. Mas se seu dia for de sucesso, não há como fracassar. É simples e óbvio assim.”
Em outra parte do livro, descobrimos o valor de focar num dia de cada vez, simbolizado numa partida de vôlei na qual cada ponto que a dupla não perde, conta positivamente. Os jogadores, ao invés de focar no resultado final do jogo, focam em cada ponto. Exatamente como na ideia de focar em ter um dia de sucesso a cada dia ao invés de focar na “big picture”.
Vamos pensar junto com o autor: se cada causa (antecedente ou situação) cria um efeito (consequência ou resultado), esse efeito, por sua vez, torna-se a causa de outro efeito, correto? Ou seja, cada vez que fazemos uma escolha (comportamento), fazemos sobre a escolha anterior. Uma vez que iniciamos com a escolha errada, voltar ao caminho certo se torna cada vez mais difícil. Faz todo sentido, não faz? Quem nunca experienciou uma corrente de fatos desencadeado por uma simples escolha - mal feita?
Logo, prossegue o escritor, desistir, como persistir (na mudança comportamental ou na lapidação do talento), é a mesma coisa: apenas uma escolha. O que muda é o caminho pelo qual as escolhas nos conduzem.
Seguindo essa ideia, uma das escolhas comum que fazemos é, na hora de definir nosso propósito, ao invés de olhar para nossos talentos e ver onde estão nossas vantagens individuais, cometemos o erro de olhar para as circunstâncias externas. Mas o sucesso, na visão do autor, nunca é resultado de fatores externos.
Outro aspecto importante é que, segundo ele, grande percentual das pessoas fracassa porque quando se depara com as primeiras dificuldades, buscam razões convincentes, ainda que falsas, para justificar suas atitudes e fracassos.
Parece que é bem comum essa constante necessidade de justificar-se diante da vida, em arranjar desculpas para negar nossa responsabilidade. Para ele, isso é o que leva a maioria ao fracasso.
Gosto da teoria da primeira milha, que li em outros textos e entendi com mais clareza em “O Óbvio que Ignoramos”: a primeira milha é importante porque representa o estágio onde somos arrancados da zona de conforto e lançados diretamente para a zona do medo. Essa atitude exige muito esforço.
Ele fala também dos anos de silêncio, que é o período no qual estamos desenvolvendo nosso talento natural. Um período pode ser longo e duro, mas bem importante para lapidação do talento.
Jacob diz que o sucesso não está na quantidade de inteligência que temos, mas no uso que fazemos dela. Essa diferença é crítica na compreensão do sucesso. Se quisermos compreender os fatores fundamentais que envolvem o sucesso, o primeiro passo é descobrir qual a nossa concepção (crenças) sobre a inteligência.
O paradoxo da inteligência, segundo ele, é que, não é a inteligência, mas a maneira como a vemos que realmente interessa. Se você acreditar que a inteligência pode ser desenvolvida, focará no desenvolvimento em longo prazo, consciente de que ninguém é perfeito e de que não precisamos de perfeição para realizar nosso propósito.
Resumindo, fecho este post com os ensinamentos de Tony Robbins:
“Suas crenças determinam o que você acredita ser capaz de alcançar. Aquilo que acredita ser capaz de alcançar, determina a intensidade de sua ação. A intensidade de sua ação determina os resultados que terá. Os resultados que terá determinam as suas crenças. Se seus resultados forem positivos, suas crenças aumentam, assim como aumenta a fé no seu potencial. Com mais fé na sua capacidade, age mais. Com mais ação, os resultados aumentam e assim sucessivamente, formando um ciclo virtuoso.” Não preciso reforçar que o oposto também e verdade, certo?
***
Cada um de nós, tira da leitura aquilo que está pronto para absorver. Sendo assim, separei os trechos que mais falam comigo. Não coube tudo no post. Foquei na teoria da mentalidade, que faz diferença na minha fase atual. Se você já leu o livro, conte-nos o que aprendeu, como vê a obra e o autor. Se ainda não leu, recomendo! 😉
*Imagem: Google
Comments