Você conhece “Os Quatro Compromissos” de Don Miguel Ruiz?
- 12 de ago. de 2020
- 5 min de leitura
Atualizado: 9 de set. de 2020
A construção de uma vida fluida, espontânea, não é algo simples e infelizmente, não existe um manual ensinando como criar a que gostaríamos de viver. Somos seres complexos e só se aprende a viver, vivendo - tentando, errando e recomeçando. Por isso, estamos em constante busca de conhecimento. Desejamos melhorar e entrar no fluxo que torna a vida mais leve, alegre e descomplicada. Essa é a proposta do livro “Os Quatro Compromissos”, do escritor mexicano Don Miguel Ruiz, e que será tema dos próximos quatro posts deste blog.
Penso que não existe uma única obra com poder de mudar a biografia de alguém, entretanto, ao colocar em prática o conhecimento retirado da leitura de vários autores, conseguiremos mudar nossos resultados substancialmente. Afinal de contas, estudar é para isso, certo? Adquirir conhecimento, melhorar nossas habilidades e construir a vida que queremos viver.
Se você se identifica, vai gostar dos ensinamentos de Don Miguel Ruiz. Segundo ele, tudo o que existe no universo é manifestação daquilo que chamamos de Deus, ou amor. Tudo é feito de luz e o espaço entre as coisas não é vazio. Tudo o que existe é parte de um único ser vivente e a luz é vida, sua mensageira. Ela contém todas as informações.
"A percepção humana é luz percebendo luz. A matéria é apenas um espelho – tudo é um espelho refletindo luz e criando imagens da luz – e o mundo da ilusão, do sonho, é apenas fumaça encobrindo quem realmente somos. Nosso verdadeiro ser é puro amor, pura luz”.
Conheça Don Miguel Ruiz
Sempre que escolho a leitura, busco a história por trás do texto. Quem é o autor? O que o levou a escrever o livro?
Miguel Ángel Ruiz Macías nasceu em agosto de 1952 numa cidade agrícola do México. Seguindo os passos da família, cursou medicina e atuou como neurocirurgião até sofrer um acidente onde quase morreu.
Depois dessa experiência, volta às raízes e torna-se xamã da linhagem Cavaleiro Águia da antiga civilização tolteca, hoje conhecida como México central. Mais tarde, muda-se para os Estados Unidos, onde começa a explorar a mente humana através de uma perspectiva espiritual e cientifica, combinando os conhecimentos de sabedoria indígena mexicana com a percepção cientifica moderna. Suas descobertas resultaram em livros, como o que deu título à deste post.
“Com meu irmão, fiz muitas neurocirurgias. Foi um tempo bom, mas em determinado momento, descobri que a maioria das pessoas cria seus problemas físicos e eu estava interessado em entender a mente humana.” Dando vasão à curiosidade, estuda psicologia e descobre que é fácil fazer sugestões às pessoas. “Sabemos que a mente humana é um campo fértil para ideias e opiniões. Dependendo do que for semeado, é o que crescerá nela”, diz em entrevista à After Life TV.
Há milhares de anos, os toltecas (que significa artistas) eram conhecidos no México como “homens e mulheres sábios”, artistas e cientistas que criaram uma sociedade para explorar e conservar conhecimentos espirituais e as práticas de seus ancestrais.
Dom Miguel utiliza a palavra tolteca para designar essa longa tradição de conhecimentos, como a ideia de que o xamã pode guiar o indivíduo para a sua libertação pessoal. Essa prática, mais precisamente descrita como um estilo de vida, embora englobe o espiritual, não deve ser confundida com religião.
“Ele descobriu que era um espelho para o restante das pessoas, espelho no qual também poderia se ver.”
No livro em questão, o escritor aborda a base de crenças na infância, criando desconexão com a essência e o início do sofrimento.
Em sua concepção, fomos domesticados da mesma forma que os animais, através de recompensa e punição. “Quando fomos contra as regras, fomos punidos; quando agimos de acordo com elas, fomos recompensados. Recebemos punições e recompensas diversas vezes ao dia. Assim, desenvolvemos medo da punição e medo de não receber a recompensa - atenção de familiares, amigos e professores. Surge assim a necessidade de ter a atenção dos outros. A recompensa nos faz sentir bem e continuamos fazendo o que os outros querem só para tê-la. Por causa desse medo, começamos a fingir que somos o que não somos.”
Se fazemos tudo pela aprovação e aceitação dos outros, como fazer diferente? O que fazer para não propagar o sofrimento?
Os quatro compromissos
1 - Seja impecável com sua palavra: “fale com integridade, dizendo apenas o que você quer dizer. Evite falar contra você ou fofocar sobre outras pessoas. Use o poder da palavra na direção da verdade e do amor. "
Para o escritor, embora simples, este acordo é o mais difícil de cumprir e é muito poderoso, pois a palavra é o poder que você criou, um presente vindo direto do amor (Deus).
2 - Não leve nada para o lado pessoal: “Nada que os outros fazem é por sua causa. O que os outros dizem e fazem é uma projeção de sua própria realidade, de seu próprio sonho. Quando você estiver imune às opiniões e ações dos outros, não será vítima de sofrimento desnecessário."
Venho aprendendo que só levo para o pessoal aquilo que concordo e ao concordar, me contamino e me torno prisioneira. “Ao levar para o lado pessoal, assumimos que o outro sabe o que se passa em nosso mundo interno e tentamos impor nosso mundo ao outro.”
3 - Não faça suposições: “Encontre coragem para fazer perguntas e expressar o que realmente deseja. Comunique-se o mais claramente possível para evitar mal-entendidos, tristeza e drama. Com apenas este compromisso, pode transformar completamente sua vida."
Por acreditar que fazemos suposições sobre tudo, D. Miguel escreveu "A Voz do Conhecimento”. Ele diz que o problema é que acreditamos nas suposições como se fossem verdades e com isso, reagimos envenenando nossas palavras.
4 - Sempre faça o seu melhor: “O seu melhor vai mudar a cada momento; será diferente quando estiver saudável de quando estiver doente. Em qualquer circunstância, simplesmente faça o seu melhor e evitará o autojulgamento, a autolesão e o arrependimento.”
Sob qualquer circunstância e independente de qualidade, devemos fazer o nosso melhor em cada momento. Tentar ir além, gasta mais energia do que o necessário e no final, nosso melhor não será bom o suficiente. Quando fazemos mais que o necessário, nos desgastamos e vamos contra nós mesmos. Porém, se fizermos aquém, nos sujeitamos a frustração, autojulgamento, culpa e arrependimento.
Como vimos, são quatro acordos simples, mas nada banais, que podemos assumir conosco para ir em direção a construção da vida desejada. Ao aplicá-los, nos tornamos mais conscientes, responsáveis, íntegros e honestos conosco - ao admitir, aceitar e modificar as crenças - e com os outros.
A obra, publicada em 1997, foi Best-seller do New York Times por mais de uma década, entretanto, só tomei conhecimento em 2016. Logo que li, memorizei o terceiro compromisso. Até então, tinha o costume de levar para o pessoal, acreditando ser a razão dos comportamentos do outro. Reler os acordos me ajuda a reforçar o aprendizado.
Agora que você sabe um pouquinho sobre a sabedoria tolteca, ficou interessada(o) na leitura? Se já leu, conte-nos qual ensinamento mais te impactou ou em quais vem trabalhando.
Fiquei muito interessada em ler este livro. Eu percebo que levava muitas coisas para o pessoal, hoje levo menos que ontem e espero amanhã levar menos que hoje.
E isso sobre recompensas e castigos faz muito sentindo, até hoje eu percebo que compartilho meus feitos com meus pais com intuito de receber: "Muito bem filha!" de volta deles. É algo que consigo notar e que tento refletir sobre.
Adorei a forma que você explicou sobre o autor e o conteúdo. Obrigada!
Essa obra “Four Agreements” gerou muito impacto em mim também qdo a li há alguns anos. Tudo simples mas profundamente sábio e desafiador. Desafiador porque deve se tratar de uma prática diária como um recurso poderoso que nos capacita a responder de forma consciente e presente ao invés de instintiva e automaticamente reagir.
Excelente reflexão Lan. Obrigada por retomar esse tema de fundamental relevância a nós enquanto humanidade.
Amei!